AUGUSTO COMTE E O POSITIVISMO
A Revolução Industrial no século XVIII, expressão do poder da burguesia em expansão, demonstrou a eficácia do novo saber inaugurado pela ciência moderna no século anterior. Ciência e técnica tornam-se aliadas, provocando modificações no ambiente humano jamais suspeitadas. De fato, basta lembrar que, antes do advento da máquina a vapor usava-se a energia natural (força humana, das águas, dos ventos dos animais) e, por mais que houvessem diferenças de técnicas adotadas pelos diversos povos através dos tempos, nunca houve alterações tão cruciais como as que decorreram da Revolução Industrial. A exaltação diante desse novo saber e novo poder leva à concepção do cientificismo, segundo o qual a ciência é considerada o único conhecimento possível e o método das ciências da natureza o único válido, devendo, portanto, ser estendido a todos os campos da indagação humana. Nesse clima, desenvolve-se no século XIX o pensamento positivista, que tem Augusto Comte (1798-1857) como principal representante. Augusto
Comte nasceu na França e é o iniciador do positivismo. De família modesta, Comte desenvolveu seus estudos na Escola Politécnica francesa, tendo uma formação matemática e filosófica. Além de iniciador do positivismo, Comte também é considerado o pai da sociologia. Veremos mais tarde como que a filosofia de Augusto Comte exerceu uma influência marcante na sociedade brasileira.
A LEI DOS TRÊS ESTÁGIOS
A filosofia de Comte é marcada pela famosa lei dos três estágios, que ele diz ter descoberto. Segundo o filósofo francês os nossos conhecimentos do mundo passam por três estágios históricos: o teológico (ou religioso), o metafísico e o positivo (ou científico).
No estágio teológico (ou religioso) o homem investiga o mundo apresentando os fenômenos naturais como sendo produzidos pela ação direta e contínua de agentes sobrenaturais. Ou seja, o homem explica os fenômenos através da ação dos deuses. Essa forma de conhecimento do mundo é comum as religiões, tanto as politeístas como as monoteístas. Para Comte essa é a forma mais primitiva de conhecer o mundo.
No estágio metafísico os agentes sobrenaturais (deuses) são substituídos por forças abstratas, tal como faziam os primeiros filósofos. Estes achavam que era possível identificar um elemento primordial que explicasse todos os fenômenos do mundo. Esse estágio é mais evoluído que o anterior, pois abre mão da linguagem fantasiosa e já começa a se deter à observação dos fenômenos. Contudo, essa observação é ingênua e produz afirmações contraditórias.
No estágio positivo (ou científico) o homem abandona as compreensões teológicas ou metafísicas do mundo. A preocupação do conhecimento positivo (científico) não é descobrir causas que expliquem a origem e o destino do universo. O conhecimento positivo só pretende através da observação descobrir a regularidade dos fenômenos para então prevê-los e poder agir sobre eles. Por isso Comte afirma: “Ciência, logo previsão, logo ação”.
A NEUTRALIDADE CIENTÍFICA
O positivismo julga que no estágio positivo (ou científico) o conhecimento atinge seu grau máximo porque o homem consegue ter um acesso neutro ao mundo. Ou seja, o cientista é aquele que não se deixa influenciar pelo seu contexto social, suas paixões, seu orgulho, pela política, religião ou qualquer tipo de interesse. O cientista é neutro e imparcial. Sendo que só uma neutralidade, uma ausência de interesses é que permite conhecer as coisas como elas são. Por exemplo, os positivistas entendem que, se um sociólogo é religioso e pretende estudar o convívio social de um determinado grupo, sua fé pode interferir na pesquisa e não permitir identificar como que alguns aspectos da sua religião prejudicam o convívio deste grupo. Para realizar a pesquisa com sucesso o sociólogo teria que se manter neutro, não permitindo que nenhum interesse seu interferisse na investigação. Em resumo, para o positivismo o conhecimento científico deve ser desinteressado para poder descobrir a verdade dos fatos.
Hegel promove a aproximação da filosofia com a História não no intuito de abordá-la através de conceitos ou concepções pré estabelecidas, mas na medida em que questiona a compreensão inerte que se tem da História em sua contemporânedade "...trata-a (a Filosofia com relação a História) como um material, não a deixa como a é, mas organiza-a segundo o pensamento, constrói a priori uma História."
Mas de que forma para Hegel esta construção deve ser pensada ?
Através do movimento do Raciocínio dialético que desenvolve-se da seguinte forma:
TESE: Afirmação geral sobre o ser.
ANTÍTESE: Constitui a negação da tese. A antítese é a primeira negação que também pode ser negada.
SÍNTESE: Constitui a negação da negação; nela se encontram a tese e antítese repensadas, no caso reformuladas.
Logicamente que o esboço exposto acima é por demais simplista, mas nos permite conferir o caráter dinâmico Histórico sugerido pelo autor da obra em análise. Percebe-se que aplicando este raciocínio aos indivíduos e produção humana, obtêm-se uma História, de certa forma, concebida em etapas, caracterizada pela superação da anterior.
As instituições humanas, bem como o homem, constituem produtos históricos do seu tempo. O texto que analisamos permite nos dizer que para o autor o motor da História é a razão humana, que determina o caminho do homem em direção a liberdade. A liberdade como a razão são historicamente postos, ou seja, liberdade é a capacidade que o homem tem de decidir.
O texto inteiro é permeado por esta dualidade que aqui podemos ver presente. Indivíduo e Mundo, Universo. Não trata-se para o autor de dados de diferentes análises, mas a complementação de uma mesma forma ou entendimento. Como admite a particularidade do indivíduo, bem como das sociedades, mas um caráter comum a todos: a busca da realização destas sociedades. Identifica a particularidade sob a forma daquilo que classifica como "paixão" que não permite a inércia dos indivíduos, na sociedade em que estão inseridos. "Tudo o que pode ingressar no ânimo do homem e despertar o seu interesse, todo o sentimento do bem, do belo e do grande se vê solicitado: por toda a parte se concebem e perseguem fins que reconhecemos, cuja realização desejamos; por ele esperamos e tememos."
Trabalhar na produção histórica é difícil e complexo e, se de acordo com a dialética hegeliana, acrescenta-se maiores dificuldades. O raciocínio parte das determinações do ser. Como o ser se constitui e como se transforma, a partir das determinações que apresenta em sua constituição particular. O raciocínio vai recriar sua trajetória (caminho). A união da reflexão sobre o ser com a dialética do ser origina o conceito.
"O verdadeiro não reside na superfície do sensível; em tudo o que singularmente deve ser científico a razão não pode dormir, e há que se empregar a reflexão."
Esta dinâmica ou movimento da História servia como uma profunda crítica a escola clássica alemã que com a descrição dos fatos e sua ordenação cronológica faziam da História o domínio do imutável. Um fato ligado a outro fato determinado em uma espécie de linearidade temporal, aparentemente tornava a História eterna, perfeita e incapaz de ser tocada.
"...não devemos deixar-nos seduzir pelos historiadores de ofício; com efeito, pelo menos entre os historiadores alemães, inclusive os que possuem grande autoridade e se ufanam do chamado estudo das fontes, há os que fazem aquilo que censuram aos filósofos, a saber, fazem na História ficções apriorísticas ."
A violência e as profundas modificações ocasionadas pela Revolução Francesa demonstram que a História real não era tão imutável quanto pretendiam os historiadores clássicos. A queda do absolutismo teve seus desdobramentos teóricos e Hegel percebeu as profundas mudanças que estavam ocorrendo no mundo. Se de um lado a produção com a Revolução Industrial criou uma produção e um tipo de sociedade atípicas a sua contemporânedade, a Revolução Francesa apontou para as transformações sociais e políticas.
Hegel na Ciência da Lógica propôs um raciocínio filosófico novo, a dialética. A dialética utilizada na Filosofia do Direito na explicação do Estado e da Sociedade, demonstrou o movimento da História na transformação das instituições e da cultura humana. Nas determinações da Dialética a sociedade civil burguesa e o Estado constitucional ganham a perspectiva do tempo. A reflexão hegeliana acabava por identificar-se com a do novo modo de produção. Concebeu a História na dinâmica de suas sociedades, reconhecendo as particularidades de cada uma, tornando-as parte de todo um complexo.
Foi percursor e polêmico. Em seu rastro, muitos outros historiadores que mesmo na intenção de criticá-los, reconheciam a sua inovação. Foi único, e pensou a História como nenhum outro até aquele momento.
"...na História universal, o mais nobre e o mais belo é sacrificado no seu altar. A razão não pode quedar-se no facto de indivíduos singulares terem sido lesados, os fins particulares perdem-se no universal. A razão vê no nascer e no perecer a obra que brotou do trabalho universal do gênero humano, uma obra que existe efectivamente no mundo a que pertencemos."
fonte: http://www.klepsidra.net/klepsidra10/hegel.html
QUESTÕES:
01. O que Comte procura sempre são leis invariáveis, de acordo com o modelo da física e da matemática, paradigmas da ordem. Por isso, a história é pensada como uma sucessão ordenada (...), e a sociedade será pensada como uma totalidade orgânica dividida em segmentos ou classes, que se relacionam de maneira estática. (Franklin L. e Silva)
De acordo com o trecho acima, é FALSO afirmar que:
(A) A filosofia de Comte deve ser compreendida a partir do êxito das ciências exatas e naturais.
(B)) O positivismo adota o conceito de luta de classes para explicar as mudanças históricas.
(C) Ordem e progresso são noções centrais para a compreensão do positivismo.
(D) A sociologia, ciência que estuda a sociedade, deve procurar pelas leis que regem a conduta e as relações humanas.
(E) Há, no positivismo, uma crença no processo evolutivo da sociedade.
02. Sobre Augusto Comte, analise as afirmativas a seguir:
I. Foi um filósofo francês, fundador da Sociologia e do Positivismo.
II. A filosofia positiva de Comte afirma que a explicação dos fenômenos naturais, assim como sociais, provenha de um só princípio.
III. Comte instituiu uma sétima ciência, a Moral, cujo âmbito de pesquisa é a constituição psicológica do indivíduo e suas interações sociais.
É correto afirmar que:
a) I é a única correta.
b) II não está correta.
c) I está correta e III não está.
d) II e III estão corretas.
e) III é a única correta.
03. "O saber que é o nosso objeto em primeiro lugar e imediatamente, não pode ser senão aquele que é, ele próprio, saber imediato, saber do imediato ou do existente. Igualmente devemos nos comportar de modo imediato e receptivo e, portanto, não mudando nele coisa alguma com relação ao modo como se oferece e mantendo afastada da nossa apreensão a atividade de conceber." (Hegel. Fenomenologia do espírito.)
A passagem citada acima refere-se à:
A) pré-consciência, quando a consciência não iniciou sua formação.
B) certeza sensível, que desconsidera qualquer mediação.
C) percepção, pois ser receptivo e ser perceptivo são o mesmo.
D) consciência de si, pois o modo como ela se oferece não muda.
04. Em Filosofia do Direito, Hegel afirma que a liberdade
A - consiste na identidade do interesse particular (da família e da sociedade civil) com o interesse geral (do Estado).
B - consiste no reconhecimento racional pelos indivíduos do que representa o interesse universal do Estado.
C - consiste na subordinação dos indivíduos ao poder da razão.
D - só é possível pela subordinação dos indivíduos ao poder do Estado.
05. Para Hegel, em Filosofia da História,
A - a razão governa o mundo, mas a história universal não é um processo racional.
B - a razão governa a ação dos indivíduos, mas não governa sua história como história universal.
C - a razão governa o mundo, e a história universal é um processo racional.
D - a história não é um processo racional, ela se torna um processo racional apenas no Ocidente
Cópia do livro de Maria Lúcia Aranha
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