Vou começar a postar questões de vestibular e do Enem para vocês arrepiarem depois. Bjus do gordo!!!!!!!!
01.(ENEM/2006)
Namorados
O rapaz chegou-se para junto da moça e disse:
— Antônia, ainda não me acostumei com o seu
[corpo, com a sua cara.
A moça olhou de lado e esperou.
— Você não sabe quando a gente é criança e de
[repente vê uma lagarta listrada?
A moça se lembrava:
— A gente fica olhando…
A meninice brincou de novo nos olhos dela.
O rapaz prosseguiu com muita doçura:
— Antônia, você parece uma lagarta listrada.
A moça arregalou os olhos, fez exclamações.
O rapaz concluiu:
— Antônia, você é engraçada! Você parece louca.
(Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa
Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985.)
No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época
a) a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas.
b) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano.
c) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado.
d) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época.
e) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo.
Resolução
B. A utilização literária da linguagem coloquial, assim como a temática do cotidiano, são pontos importantes do programa literário do Modernismo, do qual Manuel Bandeira foi figura central. Construções como “sabe quando?” e o emprego de “a gente” como pronome impessoal ou como equivalente a “nós” são traços característicos da linguagem coloquial brasileira.
02. (ENEM/2006)
Erro de Português
Quando o português chegou
Debaixo de uma bruta chuva
Vestiu o índio
Que pena!
Fosse uma manhã de Sol
O índio tinha despido
O português
(Oswald de Andrade. Poesias reunidas.
Rio de Janeiro. Civilização Brasileira, 1978.)
O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante
a) o regionalismo do Nordeste.
b) o concretismo paulista.
c) a poesia Pau-Brasil.
d) o simbolismo pré-modernista.
e) o tropicalismo baiano.
Resolução
C. O “primitivismo” presente no poema – que privilegia o índio, “bárbaro” e “primitivo”, em confronto com o português “civilizado” – é um elemento central da poética modernista, assumido como fundamento do programa cultural da poesia Pau-Brasil de Oswald de Andrade.
03. (ENEM/2006)
Depois de um bom jantar: feijão com carne-seca, orelha de porco e couve com angu, arroz-mole engordurado, carne de vento assada no espeto, torresmo enxuto de toicinho da barriga, viradinho de milho verde e um prato de caldo de couve, jantar encerrado por um prato fundo de canjica com torrões de açúcar, Nhô Tomé saboreou o café forte e se estendeu na rede. A mão direita sob a cabeça, à guisa de travesseiro, o indefectível cigarro de palha entre as pontas do indicador e do polegar, envernizados pela fumaça, de unhas encanoadas e longas, ficou-se de pança para o ar, modorrento, a olhar para as ripas do telhado.
Quem come e não deita, a comida não aproveita, pensava Nhô Tomé… E pôs-se a cochilar. A sua modorra durou pouco: Tia Policena, ao passar pela sala, bradou assombrada:
— Êêh! Sinhô! Vai drumi agora? Não! Num presta…
Dá pisadêra e póde morrê de ataque de cabeça!
Depois do armoço num far-má… mais despois da janta?!”
(Cornélio Pires. Conversas ao pé do fogo. São Paulo:
Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 1987.)
Nesse trecho, extraído de texto publicado originalmente em 1921, o narradora) apresenta, sem explicitar juízos de valor, costume da época, descrevendo os pratos servidos no jantar e a atitude de Nhô Tomé e de Tia Policena.
b) desvaloriza a norma culta da língua porque incorpora à narrativa usos próprios da linguagem regional das personagens.
c) condena os hábitos descritos, dando voz a Tia Policena, que tenta impedir Nhô Tomé de deitar-se após as refeições.
d) utiliza a diversidade sociocultural e lingüística para demonstrar seu desrespeito às populações das zonas rurais do início do século XX.
e) manifesta preconceito em relação a Tia Policena ao transcrever a fala dela com os erros próprios da região.
Resolução
A. O narrador do texto de Cornélio Pires é inteiramente isento em relação aos hábitos que descreve e à linguagem que reproduz.
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