domingo, 14 de junho de 2009

Filosofia da Moral


Caráter histórico e social da moral

A fim de garantir a sobrevivência, o ser humano age sobre a natureza transformando-a em cultura. Para que a ação coletiva seja possível, são estabelecidas regras que organizam as relações entre os indivíduos.
É de tal importância a existência do mundo moral que se torna impossível imaginar um povo sem qualquer conjunto de regras. Uma das características humanas fundamentais é a de sermos capazes de produzir proibições.
Exterior e anterior ao indivíduo, há portanto a moral constituída, que orienta seu comportamento por meio de normas. Em função da adequação ou não à norma estabelecida, o ato será considerado moral ou imoral.
O comportamento moral varia de acordo com o tempo e o lugar, conforme as exigências das condições nas quais as pessoas se organizam ao estabelecerem as formas de relacionamento e as práticas de trabalho.

Caráter pessoal da moral

Mesmo considerando o caráter histórico e social da moral, é preciso reconhecer que ela se reduz à herança dos valores recebidos pela tradição.
A moral, ao mesmo tempo que é o conjunto de regras que determina como deve ser o comportamento dos indivíduos do grupo, é também a livre e consciente aceitação das normas. Isso significa que o ato só é propriamente moral passar pelo crivo da aceitação pessoal da norma.
A vida moral se funda em uma ambigüidade fundamental, justamente a que determina o seu caráter histórico. Toda moral está situada no tempo e reflete o mundo em que nossa liberdade se acha situada. As contradições entre o velho e o novo são vividas quando as relações humanas exigem novo código de conduta.
Por isso que é difícil, para as pessoas que estão “do lado de fora”, avaliarem o que deveria ou não ter sido feito.

Caráter pessoal e social da moral

É preciso considerar os dois pólos contraditórios do pessoal e social como uma relação em que se estabeleça o tempo todo a implicação recíproca entre determinismo e liberdade, entre adaptação e desadaptação à norma, aceitação e recusa das proibições.
Quando criamos valores, não o fazemos para nós mesmos, mas como seres sociais que se relacionam com os outros. Dessa forma, essa flexibilidade não deve ser vista como defesa do relativismo em que todas as formas de conduta são aceitas indistintamente.

(FONTE: Filosofando de Maria Lucia Aranha e Maria Helena Pires)

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