segunda-feira, 13 de julho de 2009

Rock`n Roll no sangue..............ÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔÔ (final)


“ Fede a Espírito Adolescente”


Kurt Cobain e Krist Novoselic encontram-se em sua cidade natal – Aberdeen, Washington – em 1985, quando resolveram formar uma banda. Kurt tocava bateria e Krist tocava baixo; as guitarras ficavam por conta de algum amigo que aparecesse para tocar.
Considerado o líder do Nirvana, desde criança Kurt falava que seria um astro de rock. Seu interesse por música veio desde cedo; sua tia Mary havia lhe dado um disco dos Beatles e seu tio Chuch, sua primeira guitarra. Ele começou a ter aulas na adolescência, quando se interessava por heavy metal e aprendeu a tocar Stairway to Heaven (Led Zeppelin) e Black in Back (AC/DC). Embora não afirmasse nas entrevistas, o primeiro show de rock da vida de Kurt foi o de Sammy Hagar (ex- Van Halen).
Mas foram as raízes punks e hardcore que definiram o som do Nirvana. Em meados da década de 80, bandas como os Melvins e Sonic Youth, atraíam muitos fãs, sendo que Kurt Cobain tornou-se um deles.
Em 1987, Cobain e Novoselic juntaram-se a Chad Channing, que ficou com o posto de baterista; Kurt tornou-se vocalista e guitarrista da banda. Logo, eles passaram a apresentar-se em festas e clubes fora de Aberdeen. A gravadora Sub Pop interessou-se pelo som do Nirvana e os contratou; o primeiro disco, Bleach, saiu em 1989.
O nome original de Bleach era Too many humans; a mudança definitiva foi inspirada em um cartaz de prevenção à AIDS em San Francisco: “Bleach your works”, algo como “desinfete suas agulhas”. Este álbum foi produzido por apenas seiscentos dólares; os integrantes do Nirvana tinham muitos problemas para conseguir dinheiro, viviam arrumando empregos temporários ou vendendo objetos pessoais. Kurt, mais de uma vez, chegou a morar dentro do carro.
Ainda antes do lançamento do segundo disco, em 1991, Kurt já apresentava problema com as drogas, o que percorreria toda a trajetória do Nirvana. Segundo Kurt, a heroína (que havia experimentado um ano antes) o ajudava a fugir de suas dores de estômago, que o atormentavam.
Quando Nervermind foi lançado, Chad Channing já havia sido substituído por Dave Grohl, ex-baterista da Scream. Finalmente, Kurt e Krist haviam encontrado na fúria da bateria de Grohl, o elemento fundamental para fazer a “magia do Nirvana funcionar”. Este ano, Nevermind tirou o disco Dangerous, de Michael Jackson, do topo das paradas americanas, enquanto seguia-se a deterioração física e metal de Cobain,
Transformado em hino grunge, Smells like teen spirit, (na época veiculado incessantemente pela MTV), é uma das canções de Nevermind. Esta expressão significa “fede a espírito adolescente” e constava de uma pichação nas paredes do quarto de Cobain. Para essa composição, ele se inspirou em Tobi Vail, uma antiga namorada que usava um perfume chamado “Teen Spirit”.
Nesta época, o Nirvana já havia alcançado grande popularidade; eles eram chamados para muitas entrevistas e acabaram por realizar uma apresentação no programa “Saturday Night Live”. No entanto, quanto mais fãs do Nirvana surgiam (e quanto mais shows ele faziam), mais Kurt Cobain isolava-se em seu próprio mundo, induzido pelas drogas.
A gravação do terceiro álbum do Nirvana foi adiada, devido a problemas de saúde de Kurt; ele foi hospitalizado várias vezes com problemas crônicos de estômago. Em 1991, a banda havia assinado contrato com a Geffen Records, que lançou no ano seguinte Incesticide, uma compilação de lados B do grupo. Esse álbum serviu para aplacar a ansiedade dos fãs, que aguardavam por material novo do Nirvana.
Em 1993, finalmente é lançado In Utero, terceiro disco do Nirvana. Para as letras das canções desse álbum, Kurt inspirou-se em sua família, da qual já faziam parte Courtney (eles se casaram em 1992) e sua filha Frances. A música Heart-Shaped Box originou-se de uma caixa de papel de seda que Courtney havia lhe dado logo que se conheceram. Em setembro deste mesmo ano, o Nirvana seguiu por uma turnê de três meses pela América do Norte, além de gravar o MTV Acústico.
In Utero constitui o trabalho preferido de Novoselic, assim como o de muitos críticos. Imagens de nascimento, morte, sexualidade e vício são retratadas nas músicas desse disco. A letra de Milk It reflete alguns desses elementos: “Her milk is my shit/My shit is her milk” (“O leite dela é minha droga/ Minha droga é o leite dela”). Em outro verso desta canção, vem a alusão a um tema que passava pela cabeça de Kurt desde o colegial: “Look, on the bright side is suicide” (“Olhe, no lado bom está o suicídio”) (CROSS, 2002, p. 323)
Depois do lançamento do terceiro disco, o Nirvana embarcou para uma turnê pela Europa no início de 1994, apesar de Cobain encontrar-se cansado das viagens - em Roma, ele tem uma overdose e as apresentações da banda são canceladas em fevereiro.
Ao voltar para os Estados Unidos, Kurt Cobain foi internado em um clínica de reabilitação em Los Angeles. Tentativas posteriores já haviam sido frustradas (como na época em que sua filha nasceu) e essa não foi diferente. No dia 1º de abril ele foge da clínica e se esconde na estufa de sua casa, em Seattle. Depois de uma semana sem que ninguém de sua família ou da banda soubesse do seu paradeiro, ele é encontrado morto, com a marca de um tiro de espingarda auto infligido contra o céu de sua boca. A autópsia encontrou altos níveis de tranqüilizantes e heroína no sangue de Kurt, que dificilmente o manteriam vivo mesmo que ele não tivesse atirado em si mesmo. “Kurt conseguira se matar duas vezes, usando dois métodos igualmente fatais.” (id. p. 411)
Neste dia, Courtney encontrava-se em tratamento para sua dependência química em uma clínica; mais tarde, ela leria partes do bilhete de suicídio para os fãs do Nirvana, que como ela, estavam inconsoláveis:
Faz muitos anos agora que não sinto entusiasmo ao ouvir ou fazer música, bem como ao ler e escrever. (...) Por exemplo, quando estamos nos bastidores e as luzes se apagam e o rugido maníaco da multidão começa, isso não me afeta do modo que afetava a Fred Mercury, que parecia amar, saborear o amor e a adoração da multidão. (...) Obrigado a todos do fundo do poço do meu nauseado e ardente estômago por suas cartas e preocupações nos últimos anos. (...) Não tenho mais a paixão e, portanto, lembrem-se, é melhor queimar do que se apagar aos poucos. (id. p. 403)
Krist também divulgaria uma mensagem para os fãs, em que pedia a todos que se lembrassem de Cobain pelo que ele sempre foi, “afetuoso, generoso e terno” e que guardassem a música do Nirvana: “nós a teremos para sempre conosco”.
Com o fim do Nirvana, após a morte de Kurt Cobain, Novoselic e Grohl partiram em carreiras separadas, sendo que Grohl tornou-se o mais bem sucedido, formando o Foo Fighters em 1995. O álbum de estréia do grupo foi um revigorante ponto de partida após os “torturados caminhos do Nirvana”.


A Inglaterra em Evidência


No início da década de 90 desponta mais um novo gênero musical vindo do Reino Unido. O chamado britpop tem as bandas Blur e Oasis como representantes significativos, sendo que este último foi o desencadeador do movimento.
Em 1991, em Manchester, Inglaterra, surgia a banda Rain, formada por Liam Gallagher (vocal), Paul “Bonehead” Arthurs (guitarra), Paul “Guigs” McGuigan (baixo) e Tony McCarrol (bateria). Logo, o irmão mais velho de Liam, Noel Gallagher, entra na banda como vocalista e compositor, renomeando o grupo como Oasis.
Em 1994, eles lançam o primeiro disco, Definitely Maybe, pela Creation Records. A gravadora os contratou após um dos empresários assistir a uma apresentação do Oasis e impressionar-se com o grupo. Este primeiro disco logo ultrapassou um milhão de cópias fora do Reino Unido, entrando para a história como o disco de lançamento de um banda que mais rapidamente alcançou uma vendagem tão alta.
Assim, logo o Oasis tornou-se a banda inglesa mais popular dos anos 90, ganhando uma legião de fãs que lotavam seus shows. Nos Estados Unidos, conquistaram espaço com a veiculação pela MTV dos vídeos Live Forever e Supersonic.
A euforia inicial em torno do Oasis, entretanto, não deixou que tensões quase acabassem com a banda: os irmãos Gallagher passaram a brigar constantemente, o grupo começou a atacar o Blur pela imprensa e o baterista Tony McCarrol deixa a banda em 1995.
Mesmo após esse abalo, o ego dos Gallagher não pareceu abalar-se; o grupo ficou marcado por declarações arrogantes, em que se consideravam como “os melhores” (foi assim desde a primeira vez em que tocaram juntos).
O segundo álbum, (What’s the Story) Morning Glory? de 1995, foi lançado quando passou a fase de turbulência, trazendo boas novas para o grupo. Neste disco, McCarrol já havia sido substituído por Alan White. ...Morning Glory? rapidamente alcançou o primeiro lugar nas paradas do Reino Unido e tornou-se o segundo álbum mais vendido da história da música britânica. É deste disco a música Wonderwall, repetidamente veiculada pela MTV e pelas rádios. Ainda para reforçar a boa fase, o sucesso do segundo álbum rendeu disco de ouro em vários países.
Os próximos anos foram de grande produção para a banda: em 1997, é lançado Be Here Now e no ano seguinte, The Masterplan. O ano de 2000 trouxe dois álbuns: Standing on the Shoulder of Giants e o duplo Familiar to Millions.
O sucesso do Oasis foi único na Inglaterra, na medida em que foi a primeira banda a caracterizar o britpop. Impulsionados por essa onda, vários grupos ingleses despontaram no cenário, representando a força de um novo movimento.


Chega-se ao Fim da História?


Meados da década de 90 ainda iria trazer o rock alternativo- um desenvolvimento do brit pop. Nesta época, a Inglaterra firma-se como um terreno fértil para o nascimento de bandas deste estilo, que caracterizou-se por uma sonoridade intimista: músicas mais lentas (sem solos de guitarra ou bateria), letras depressivas e vocais monótonos. Elementos da música eletrônica também são encontrados em alguns grupos como Fatboy Slim, Prodigy e Moby.
O Radiohead lançou o aclamado disco Kid A, passando a figurar no cenário alternativo da Inglaterra como uma das bandas mais aclamadas pelos críticos.
Mas os Estados Unidos logo se juntaram à Inglaterra no desenvolvimento do rock alternativo. Uma banda de grande influência para o movimento foram os norte-americanos do Pavement, que surgiu no início da década de 90. O disco Slanted and Enchanted, de 1992, foi bem recebido tanto pelos fãs quanto pela imprensa.
Um procedimento comum no que diz respeito ao lançamento de bandas de rock alternativo, foi a alternância entre os Estados Unidos e a Inglaterra – o que continuou em fins de 1990. No início do novo século, despontou um novo movimento denominado por muitos de “novo rock”.
Como destaca o jornalista e crítico musical Lúcio Ribeiro, algumas bandas são importantes personagens deste movimento: os suecos do The Hives, os norte-americanos Strokes e os australianos The Vines. Os primeiros influenciaram-se pelas guitarras “toscas’ do punk rock, até que em 1993 começam a se apresentar em bares europeus e chamam a atenção da imprensa inglesa.
Os Strokes foi aclamada por muitos como “a salvação do rock”; exageros à parte, a banda possui uma sonoridade básica e cru (com influência de Velvet Underground), além do visual e atitude típicos de Nova York. O carisma do grupo também é outro ponto a favor dos Strokes.
E assim, marcado principalmente pelo som das bandas de rock alternativo – e pela influência da música eletrônica - o rock inaugurou o século XXI.

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