segunda-feira, 13 de julho de 2009

Rock`n Roll no sangue............AAAAAAAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUUU!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! (parte 3)



“O SONHO ACABOU”


Apesar de Woodstock representar a confirmação da ideologia hippie, quando a imprensa finalmente passou a se interessar pela contracultura, o ano de 1969 marca o fim da era em que se anunciava essa “sociedade utópica”. Os assassinatos da atriz Sharon Tate (mulher do diretor de cinema Roman Polanski) e do casal Labianca, cometidos por hippies fanáticos, seguidores da seita liderada por Charles Manson, abalaram o mundo e ajudaram a exterminar o movimento hippie nos Estados Unidos. ”Misturando Bíblia e Beatles em sua imaginação distorcida, Manson lhe dava uma interpretação altamente pessoal, em que se via como o agente de um novo Apocalipse.” (MUGGIATI, 1985, p. 49)
Tanto na casa de Sharon Tate quanto na casa dos Labianca, foram encontradas inscrições a sangue nas paredes. No último caso, as palavras PIGS e HELTER SKELTER foram escritas com o sangue das vítimas na porta da geladeira. As palavras são alusões a duas canções dos Beatles: Piggies e Helter Skelter.
Além do caso Tate-Labianca, o ex-guitarrista do Rolling Stones, Brian Jones, morre em 1968; o acontecimento antecipou a perda da tríade Janis-Hendrix-Morrison, já citada. Esses fatos resultaram em um grande desfalque para a música, tornando o fim da década de 1960 uma sucessão de acontecimentos tristes para o rock.
O Festival de Altamont, que aconteceu em uma pista de corridas desativada a uns 60 quilômetros de São Francisco, vem engrossar a lista de tragédias da época. Trezentas mil pessoas, que esperavam para ver, entre outros, Rolling Stones e Jefferson Airplane, depararam-se com a falta de organização do festival, programado de última hora. Muita sujeira, drogas, doenças e quatro mortes foram os resultados de Altamont. O documentário da turnê americana dos Stones, Gimme Shelter, mostra a cena de um jovem negro que puxou um revólver e foi esfaqueado por membros do “Hell Angels” – os seguranças improvisados do evento.
Manson e Altamont atingiam em cheio as duas maiores entidades do rock, os Beatles e os Rolling Stones, e mostravam como a música podia ser perigosa e desencadear forças negativas e violentas entre um público imaturo e dominado por impulsos de destruição. Assim, o mundo e a contracultura ingressaram na feia realidade de 1970. (MUGGIATI, 1985, p. 50-52)
A década que se iniciava mostrava-se caracterizada por um forte individualismo, contrastando com o engajamento político e o sonho da comunidade alternativa, pregado pelos hippies. Como se não bastassem todas as mortes que ocorreram nesta época, também registrou-se o fim dos Beatles, em 1970.
Em fins de 1960, houve a confluência de várias novas tendências do rock, normalmente caracterizadas pela preocupação com a elaboração sonora das canções. "O ano de 1967 é marcado no 'rock' por uma verdadeira revolução conceitual, onde o vulgar é soterrado por um 'status' equivalente a qualquer revolução de outrora (...)o fato foi que o rock intelectualizou-se" (MONTANARI, 1988, p. 66).


O Rock como Forma de Arte


Um dos rótulos que surgiu ainda antes da virada da década de 70 foi o rock progressivo, fortemente influenciado pela música clássica e pelas inovações tecnológicas. O grupo de maior destaque nesta categoria é o inglês Pink Floyd, mas antes deles, o Alan Parsons Project apresentava uma nova proposta de rock, em que veiculavam pelo rádio os Contos de Mistério e Imaginação, de Edgar Allan Poe. O King Crimson também inovou neste sentido, ao lançar álbuns conceituais como In the Court of King Crimson e In the Wake of Poseidon.
Outro grupo que também contribuiu para o desenvolvimento do progressivo e deu o primeiro passo para a mistura entre o rock e a música erudita foi o Moody Blues. Em 1968, esta banda gravou com a Orquestra Sinfônica de Londres, inaugurando a composição de “poemas orquestrais”, em que se destacava o “forte clima descritivo das canções”.
A música erudita, nesta época, teve importância fundamental para as composições de rock. Muitos músicos se utilizavam da influência de compositores como Bach ou Mozart para a elaboração de canções, expandindo as fronteiras musicais. Rick Wakeman, do Yes, possuía formação em música clássica e a utilizou nas suas canções de rock.
Da junção do nome de dois bluesmen americanos, Pink Anderson e Floyd Council, surgiu na Inglaterra o grupo que se transformou em um ícone para o rock como forma de arte; o Pink Floyd se caracterizava pela preocupação com os efeitos especiais das apresentações ao vivo como complementação para sua música. Vários clássicos foram lançados pela banda, como The Dark Side of the Moon (1973) e The Wall (1979); este último rendeu também um filme homônimo, de 1984.
Outra conquista do Pink Floyd foi superar a barreira entre os sons perfeitos fabricados em condições ideais no estúdio e a música forçosamente problemática das apresentações ao vivo. Eles conseguiram isso completando seus espetáculos com efeitos visuais que realçassem o clima de sua música e, evidentemente, ampliando também a formação costumeira do grupo, um quarteto. (MUGGIATI, 1985, p. 62-63)
Uma das contribuições do progressivo foi a composição de “poemas tonais” para o rock, em climas sombrios, de pesadelo. Essa caracterização mais intimista para as canções contrastava com o clima de celebração do rock dos anos 60 (psicodelia). Outras bandas, como Genesis e Jethro Tull surgiram nesta época, inserindo-se no contexto das experimentações sonoras.
...o Rock parecia dominado pelo seu lado intelectual, pelo progressivo, pelo acadêmico, pelo auditivo. Não se deixara de dançar, mas sentar diante do aparelho de som e ESCUTAR tornara-se algo tão comum que o percentual de rockeiros dançantes diminuíra se comparado com o da época do rock’n’roll. (CHACON, 1985, p. 44)
Nos Estados Unidos, 1967 foi o ano de um compositor que ampliou o cenário do rock : "um músico anarquista resolve desvencilhar suas farpas contra a mediocridade da vida consumista norte-americana. O nome dele é Frank Zappa...(MONTANARI, 1988, p. 66). As influências de Zappa iam desde a música eletrônica à erudita, o que era verificável nas fusões que realizava em suas músicas: "Zappa sacode o 'stablishment', ganhando rapidamente o rótulo de 'maldito'" (id.). As experimentações de Frank Zappa eram baseadas no uso de ruídos, técnicas de colagem, percussão; ao contrário dos músicos de rock que se iniciavam pelos blues, ele freqüentava aulas de música contemporânea.
Mas ainda havia muito mais para acontecer nos anos 70, que muitos, erroneamente, caracterizam como a “década em que nada aconteceu”. Outra vertente que modificou a sonoridade do rock foi o heavy-rock. Como argumenta Chacon (id., p. 39-40):
Na primeira vez que alguém distorceu uma guitarra inaugurou uma outra variante do Rock que representaria sua imagem esteriotipada aos frágeis ouvidos do não-iniciado: o heavy-rock (Rock pesado), ou rock-pauleira, como é mais conhecido, quebrava com as seqüências do Rock-tipo-Beatles e atendia a um mercado mais feroz e ansioso por um batida mais violenta...
O som das bandas de heavy metal existe para ser consumido, preferencialmente, nas apresentações ao vivo. As bandas se preocupam em tocar muito alto, o que já contribuiu para especulações de que o metal faria mal aos ouvidos; no entanto, isso não foi comprovado. O caso da surdez de Brian Wilson, dos Beach Boys, é um exemplo claro desta controvérsia, visto que o som da banda é relativamente calmo perto da sonoridade do metal. Vocais estridentes (ou guturais), preocupação com o visual da banda e performances ousadas nas apresentações ao vivo são outros aspectos do heavy metal.
Jimi Hendrix e o Cream foram grandes inspiradores para este sub-gênero do rock. Muggiati (1985, p. 89) explica que o heavy-rock foi um subproduto do acid rock, na medida que provocava no ouvinte uma “intoxicação sonora”. Por sua vez, o Iron Butterfly (“borboleta de ferro”) foi um grupo que influenciou a denominação das bandas de heavy metal, devido à referência “metálica” em seu nome.
Um importante crítico de rock, Lester Bangs (ex-editor da revista Cream) retirou o termo “heavy metal” de um romance de William Burroughs e o associou ao rock depois desta expressão ser incluída em uma música do Steppenwolf. Esta música, Born to be wild, remete ao som de um “trovão de metal pesado” e faz parte da trilha sonora do filme Easy Rider (Sem Destino), de 1969, que contribuiu para a disseminação do rock pesado.
Além desta versão, existe uma outra, em que o termo “heavy metal” surgiu quando uma grande fábrica explodiu no mesmo dia de uma apresentação do Led Zeppelin.
Bandas inglesas como Black Sabbath e Deep Purple se firmaram como importantes representantes do heavy metal no início dos anos setenta. A primeira recebeu esta denominação derivada da influência “satanista” para os nomes das bandas de heavy metal. Outras que despontariam anos depois também se incluiriam nesta vertente, em que composições e visual sombrios são comuns.
A influência do Black Sabbath e do Deep Purple foi marcante para as décadas posteriores; muitas compilações e tributos às duas bandas foram lançados, mas o Purple continua em atividade, mesmo depois de muitas mudanças em sua formação original. O guitarrista Richie Blackmore, um dos fundadores do Deep Purple, (e atualmente em carreira-solo) foi um dos pioneiros na influência da música erudita nas canções de rock pesado - tradição que ser firmaria anos depois com grupos de heavy metal dos anos oitenta e noventa.
O Black Sabbath trouxe as primeiras imagens de “morte, demônios e ocultismo” às canções de rock, além de lançar vocalistas importantes, como Ozzy Osborne e Ronnie James Dio. Este último, que havia sido anteriormente vocalista do Elf (banda com inspiração no blues), depois ingressou no Rainbow, grupo de Richie Blackmore após a saída do Deep Purple. Inicialmente conhecido como Richie Blackmore’s Rainbow, este grupo com tendências ao hard rock lançou em 1976 um disco que se tornou clássico: Rainbow Rising. Considerado um dos maiores vocalista de metal, atualmente Dio se dedica à própria banda, firmando uma carreira pós-Sabbath bem sucedida.
Ozzy cantou com o Black Sabbath na primeira fase da banda; é da sua época clássicos como Iron Man e a homônima e sombria Black Sabbath. Após sair do Sabbath, em 1978, também se lançou com sua própria banda, continuando em atividade até hoje. A vida de Ozzy freqüentemente foi associada a histórias surpreendentes:
Célebre pelas imagens de mutilação de animais durante seus shows, Osbourne, como reza a lenda, teria tomado dolorosas injeções anti-rábicas depois de ter arrancado, com os dentes, a cabeça de um morcego jogado pela platéia. (FRIEDLANDER, 2002, p. 381)
Um grupo do final dos anos sessenta e que se destacou durante a década de 70 foi o Grun Funk Railroad. A inspiração para o nome da banda surgiu de um trocadilho com o nome de uma estrada de ferro chamada Grand Trunk and Western Railroad.
Essa banda de Detroit não recebeu muito prestígio entre os críticos, mas agradou ao público. O Grun Funk abriu vários shows para o Led Zeppelin, em muitos casos, roubando a atenção da platéia. Entre os temas de suas músicas, sexo, política, religião e ecologia estavam entre os mais comuns. A inovação de suas músicas ficava por conta da utilização de instrumentos pouco comuns em grupos de rock, como violão, piano, alguns tipos de percussão e orquestra.
O grupo que realmente comandou as transformações na sonoridade do rock para essa época foi o Led Zeppelin. Em uma fusão do blues com o hard rock, construíram sua carreira como os maiores representantes do trinômio “sexo, drogas e rock’n’roll” nos anos 70.


Uma “Escada para o Céu”


O Led Zeppelin começa quando os Yeardbirds se desintegram. Em 1967, o guitarrista Jimmy Page foi deixado por seus companheiros com uma agenda de shows para cumprir e dívidas para pagar. Com a finalidade de resolver esse problema, Page sai à procura de integrantes para uma nova banda, os New Yeardbirds.
O primeiro a integrar o novo grupo é o baixista John Paul Jones, que mostra a Page uma matéria de jornal sobre Robert Plant – vocalista de uma banda chamada Hobbstweedle. A mesma dica foi dada pelo cantor Terry Reid, que anteriormente havia sido cogitado para a vaga. Page e Jones foram assistir a uma apresentação do Hobbstweedle e ficaram tomados pela presença de palco e pela voz de Robert Plant. Ele passou a integrar o New Yeardbirds em agosto de 1968. O baterista John Bonham foi o último a entrar para o grupo, a convite de Plant.
Após concluir a formação da banda, o New Yeardbirds saiu em turnê para cumprir a agenda do antigo grupo. Com o fim das apresentações, ainda neste mesmo ano gravaram um disco que recebeu o novo nome da banda: Led Zeppelin. Segundo o jornalista Sérgio Martins (Bizz, 1999), a denominação veio de Jimmy Page, que se lembrou de uma citação de Keith Moon (baterista do The Who) sobre a viagem em um “zeppelim de chumbo”.
Sob contrato com a Atlantic Records, o Led Zeppelin iniciou uma turnê pelos Estados Unidos, um dia depois do Natal de 1968. Essa idéia partiu do empresário Peter Grant, também chamado de “o quinto zeppelin”.
Nos Estados Unidos, o Led Zeppelin conseguiu a popularidade que o seu primeiro disco não alcançou no Reino Unido. A onda de psicodelia ainda tomava conta do cenário do rock, e a sonoridade pesada da banda chamou a atenção do público rockeiro – que aprovaram a influência blueseira e os uivos do vocalista da banda. Canções como Good Times Bad Times e Communication Breakdown são composições deste primeiro disco.
Led Zeppelin II é lançado em 1969, alcançando o primeiro lugar nas paradas americanas. Thank You, canção de Plant para sua mulher na época, Maureen, o clássico do rock pauleira, Whola Lotta Love e Moby Dick, são destaques desse álbum.
Após o lançamento do segundo disco, o Led Zeppelin decide sair em turnê pelo Reino Unido, agora com sua carreira consolidada pelo sucesso nos Estados Unidos. Esse disco rendeu ao grupo o título de “melhor banda da Inglaterra” pela Melody Maker. O sucesso do Led Zeppelin provocou sua ascensão como legítimos de “rock stars”; as groupies (fãs fanáticas) disputavam a atenção dos músicos da banda e os negócios iam bem. O interesse de Jimmy Page pelo ocultismo, assim como seu vício em heroína, já eram conhecidos.
No entanto, antes da produção de Led Zeppelin III, os integrantes da banda encontraram-se cansados e resolveram se isolar para compor. Canções como Tangerine e Since I’ve benn Loving You são algumas das que estão neste disco.
Em 1973, o Led Zeppelin lança um álbum sem título e que passaria a ficar conhecido como “Quatro Símbolos’, entre outras denominações. Essa referência deve-se aos símbolos impressos na contracapa do álbum, relacionados a cada integrante da banda. Esse disco foi o de maior vendagem para o Led Zeppelin, rendendo mais de 16 milhões de cópias nos últimos 25 anos. A canção mais popular do grupo, Stairway to Heaven, faz parte deste álbum. Sobre essa música, Friedlander (2002, p. 339) comenta:
Page e Plant dividiram a música em dois níveis dinâmicos(...). El começava suavemente com a introdução do violão de Page e um longa citação de versos, aumentando gradualmente até explodirem em um rock completo (...) A letra obscura, cantada com a voz de um trovador piedoso, refletia o interesse de Page pelo folclore britânico e celta e seguia a busca de uma mítica dama por sua “escada para o céu ou nirvana espiritual’.
Em 1973, o grupo lança Houses of the Holy, marcado por canções funk e reggae (como em D’yer M’aker). Este álbum recebeu o primeiro lugar nas paradas do Estados Unidos e Inglaterra ao mesmo tempo. Entretanto, as apresentações do grupo são comprometidas depois do acidente de carro sofrido por Robert Plant. Assim, eles lançam o documentário The Song Remains the Same (1976), que mistura cenas do dia-a-dia dos integrantes com um show no Madison Square Garden.
Durante a turnê deste álbum, após a recuperação do acidente de Plant, seu filho, Karac, morre de um vírus desconhecido. Assim, a banda faz outra pausa e volta em 1979, com In Through the Outdoor, com a canção All my Love dedicada ao filho do vocalista. Um ano após esse lançamento, acontece a última turnê européia do Led Zeppelin; enquanto os integrantes da banda se preparavam para viajar aos Estados Unidos, John Bonham bebe além da conta e não consegue ensaiar.
No dia seguinte à embriaguez de Bonham, o baterista é encontrado morto, sufocado em seu próprio vômito (assim como aconteceu com Hendrix). Em dezembro desse mesmo ano, os integrantes remanescentes anunciam que sem Bonham, é impossível continuar com o Led Zeppelin.
O trovão setentista do Led Zeppelin quebrou as fronteiras do rock em sua época, estendendo sua influência para grupos que surgiram posteriormente: Aerosmith, Guns’n’Roses e Rage Against the Machine são alguns exemplos.

O Rock de “Plumas e Paetês”


Em meados de 1970, o heavy metal continuou a se expandir, inaugurando os anos 80 com uma profusão de bandas importantes para este sub-gênero do rock. Mas antes de se apresentar o cenário metal dos anos oitenta, é preciso destacar outras vertentes do rock que se desenvolveram ainda na década de 70.
Um movimento paralelo ao metal, muitas vezes mesclando-se a ele, e que marcou o início desta década foi o glitter rock, também conhecido como glam rock. Som pesado, muito brilho nas roupas e visual andrógino eram as características principais de grupos como T-Rex, Kiss e artistas como David Bowie e Alice Cooper. Este último, comumente chamado de “tia Alice”, foi o desencadeador da androginia no rock, antes esboçada por Mick Jagger e também seguida por Marc Bolan, do T-Rex.
Em outras palavras, algo como um rock de plumas e paetês em que os músicos apareciam fortemente maquilados ou até mesmo travestidos. Em Alice Cooper, o lado sexual era mais um recurso para agredir o público, pois Alice (nascido Vincent Furnier, filho de pastor) era ‘cria’ de Frank Zappa, o pai espiritual dos freaks de todo o mundo ... (MUGGIATI, 1985, p. 67-68)
Apesar de não se encaixarem especificamente neste gênero, os grupos ingleses Queen e Judas Priest, formados em 1970, eram adeptos do visual extravagante, aliando-o a uma pesada sonoridade.
Liderado por Fred Mercury, o Queen utilizava experimentações vocais e instrumentais em suas composições. A clássica Bohemian Raphsody é mais um exemplo da influência da música erudita no heavy metal, verificado na introdução e nas vocalizações desta música.
Bohemian Rhapsody foi lançada em 1975. Uma verdadeira ópera rock, no sentido mais literal das palavras. Taxada de experimentalista pela gravadora uma música como aquela dificilmente chegaria a ser um hit. Mais do que isso, porém, Bohemian Rhapsody se tornou no maior clássico da banda e seu primeiro single a chegar ao número 1. (WHIPLASH, dez/2002)
Esta era a época dos grandes concertos de rock e o Queen não fugia à regra; Fred Mercury desempenhava seu papel de frontman de maneira eficiente, devido ao seu carisma com o público. A partir de 1980, a banda acrescenta instrumentos eletrônicos e começa a se influenciar pela dance music, que se tornaria uma febre nesta década. No entanto, após quase duas décadas de existência, em 1991 a banda sofre a perda de Fred Mercury, que morre de complicações decorrentes da AIDS. O álbum Innuendo, lançado neste mesmo ano, marca a despedida do vocalista e líder da banda: "com menções depressivas e letras subjetivas, um Fred Mercury fraco insinua um difícil adeus, com músicas como The Show Must Go On (O Show Deve Continuar) e These are the Days of Our Lives (Esses São os Dias de Nossas Vidas)" (id.). A partir de 1992, várias coletâneas de tributo à banda foram lançadas, sendo que a última é de 1999.
Ainda hoje uma banda bem conceituada entre os apreciadores do gênero, o Judas Priest foi uma bandas precursoras do heavy metal moderno. As características que lhe conferiram esse título foram a adoção de roupas de couro e adereços de metal e "a união do peso e temática violenta criados pelo Black Sabbath à velocidade dos grupos como o Led Zeppelin” (id.). Além disso, a presença de dois guitarristas na banda - KK Downing e Glenn Tipton - se tornou uma das marcas das bandas de heavy metal que surgiriam posteriormente.
O auge da carreira internacional do Judas Priest se deu entre 1982 e 1984, com o lançamento dos álbums Screaming for Vengeance e Defender of the Faith, mas logo após essa fase, um fato marcou a imagem da banda. Um caso de suicídio de dois fãs foi amplamente explorado pela imprensa, que culpou o grupo pela morte dos dois garotos. Mesmo após ficar confirmado que as causas nada tinham a ver com a música do Judas Priest, esse caso se tornou corriqueiro com outras bandas e artistas de rock.
Após a boa fase, em 1986 a banda lançou o álbum Turbo, que não foi bem aceito pela crítica e pelo público, que não esperava pela fusão com instrumentos eletrônicos, marcante neste disco. O produto final se mostrou muito "comercial e forçado, marcando o ponto mais baixo na carreira da banda".
Em 1992, o vocalista Rob Halford (hoje em carreira solo) abandou o Judas Priest para montar o Fight; em seu lugar entrou Ripper Owens. O vocal de Ripper sempre foi associado ao de Halford, o que ajudou a não descaracterizar as músicas antigas da banda.

“POR QUE A GENTE NÃO CHAMA DE PUNK?”


Como explica o jornalista José Augusto Lemos (Bizz, ago1999), em fins de 1960 houve uma “reformulação visual”, seguida pelos jovens: “quem andava de jeans, camiseta e cabelos compridos, imediatamente passou a ser identificado como ‘hippie velho’”.
Nesta época, a movimentação política e (junto com ela) a violência faziam parte do cotidiano dos jovens, tanto na América quanto na Inglaterra. Como já foram citados, o movimento contra a guerra do Vietnã e a campanha contra a corrida nuclear, além do desemprego, denotavam o descontentamento da sociedade, em particular dos jovens.
A "violência gratuita" de cenas do filme A Clockwork Orange (Laranja Mecânica), de Stanley Kubrick, era repetida pela juventude nas ruas. Lemos (id.) relata que, banido das ilhas britânicas, o clássico de Kubrick também ditava a moda, sendo considerado um possível inspirador para a nova vertente que despontaria no cenário do rock: o punk. “(...)se havia uma coisa de que os ‘punks’ faziam questão de ser era contra a cultura. Nos dicionários, ‘punk’ quer dizer ‘droga’, ‘coisa sem valor’, ‘podre’, ‘doente’. (MUGGIATI, 1985, p. 69)
Bob Dylan e Joan Baez ainda tinham forte presença no cenário musical e político da América quando o primeiro embrião do punk apareceu em Nova Iorque. Artistas de renome, como Andy Warhol, faziam parte da vanguarda artística da cidade; logo surgiriam grupos de rock que movimentariam a cena musical.
Outro personagem dessa época, que circulou tanto no meio glitter quanto entre os que fundariam o punk, foi David Bowie. Tanto por isso quanto por seu visual extravagante, andrógino, o adjetivo mais associado a ele sempre foi "camaleônico". Sua incursão pelo meio musical também contou com a influência da eletrônica; mas a importância de Bowie ainda se estendeu para a fase pós-punk: ele foi o responsável pelo resgate de artistas importantes como Lou Reed (ex-Velvet Underground) e Iggy Pop (ex-Stooges).
O Velvet Undergroud (subterrâneo de veludo), foi uma das bandas que impulsionou outros grupos e artistas solo que passariam a caracterizar o punk. Esta banda surgiu em 1965, depois que Lou Reed mostrou ao guitarrista John Cale duas canções que havia composto: Heroin e Waiting for the man. Ele tocou as duas músicas ao violão e, como contou Cale (McNeil, McCain, 1997, p. 20), era diferente de tudo o que Dylan e Baez faziam:
Na primeira vez que Lou Reed tocou 'Heroin' pra mim, fiquei totalmente pasmo. A letra e a música eram tão obscenas e devastadoras. Mais que isso; as canções de Lou tinham tudo a ver com meu conceito de música. Nessas canções de Lou rolava um lance de assassinato do personagem. Ele tinha profunda identificação com os personagens que relatava. Era o 'Método' atuando na canção.
O primeiro empresário do Velvet Underground foi o escritor e colunista de rock Al Aronowitz, que o considerava um grupo de "marginais" e sua música, "inacessível". Apesar disso, levou-o a tocar no Café Bizarre, quando Andy Warhol conheceu a banda e se tornou o novo empresário. A partir daí, o Velvet passou a ficar conhecido pela vanguarda artística de Nova Iorque, composta por poetas, músicos, artistas plásticos e cineastas. Estes criticavam o movimento hippie não só em termos musicais, mas também visuais e em sua ideologia. As drogas e o sexo também faziam parte da cultura dos "pré-punks", mas a cannabis e o LSD foram substituídos pela heroína e anfetamina, enquanto que o sexo foi visto com uma liberdade ainda maior; muitos dos artistas da época se assumiam bissexuais.
A cantora Nico (que também atuou em filmes de Fellini) fez parte do Velvet no primeiro disco da banda, mas havia muitos desentendimentos entre Reed e ela. Considerado o líder do Velvet, Reed sempre desejou seguir em carreira solo; após o lançamento desse primeiro disco, desmanchou a banda. Mas a transgressão de valores e a "crueza" de suas canções transformaram Lou Reed no "padrinho do punk", como comparam McNeil e McCan (id., ibid., p. 437). Nas palavras de Lou Reed: "O velho som era alcoólico. A tradição foi finalmente quebrada. A música é sexo, drogas e alegria. E a alegria é a piada que a música entende melhor. (id., p. 30)
Por volta de 1967, outra banda surgiu para complementar a cena "pré-punk" da América: os Stooges. Liderada por Iggy Pop, esta banda começou quando o mesmo decidiu fazer "seu próprio blues simples" e compôs a música I wanna be your dog. Além disso, outra influência definitiva para Iggy decidir fundar sua banda foi Jim Morrison; apesar de não gostar do som e da poesia dos Doors, ele admirava a postura sensual e misteriosa de Morrison. Assim, juntando a vontade de criar uma nova sonoridade para o rock à preocupação com o visual das banda nas apresentações ao vivo, os Stooges, marcaram o início de um movimento que culminaria com o punk rock. O primeiro guitarrista da banda, Ron Asheton, caracteriza a sonoridade da banda em sua primeira apresentação (id., p. 57):
A gente inventou alguns instrumentos que usou no primeiro show. A gente pegou um liquidificador com um pouco de água e colocou um microfone bem embaixo dele e ligou. Tocamos isto por uns quinze minutos antes de entrar no palco. Era um som incrível, especialmente saindo das caixas de som, todo desconjuntado. A gente tinha uma tábua de lavar roupa com microfones. Então Iggy calçava sapatos de golfe e subia na tábua de lavar e ficava meio que arrastando os pés por ali. A gente pôs microfones nos galões de sessenta litros de óleo (...) usou dois martelos como baquetas. Peguei emprestado até o aspirador de pó da minha mãe porque o som parecia o de um motor a jato. Sempre adorei aviões a jato.
A influência do glitter rock era visível nas caracterizações dos artistas da época. Para essa primeira apresentação, Iggy se vestiu com um "grande camisolão" que ia até os tornozelos, pintou a cara de branco, raspou as sobrancelhas e colocou uma peruca de folha de alumínio torcida. Scott Asheton, o baterista da banda, conta que veio daí o apelido Iggy Pop (id.):
Nós tínhamos um amigo chamado Jim Pop (...) que havia perdido quase todo o cabelo, incluindo as sobrancelhas. Por isso, (...) a gente começou a chamá-lo de Pop. (...) Iggy começou a suar e aí descobriu pra que servem as sobrancelhas. Perto do fim do show, os olhos dele estavam totalmente inchados por causa de todo aquele creme e purpurina.
Contemporâneos dos Stooges o MC5 era uma banda marcada pelo radicalismo político. Musicalmente, este grupo não apresentava muita inovação (o que ficava por conta dos Stooges), mas seu surgimento foi importante para firmar o que viria a ser a característica de muitas bandas de punk rock: a crítica de oposição ao governo.
O MC5 tocou na convenção do Partido Democrata em Chicago, em 1968, mas foram expulsos do local por policiais. Na época, ele viviam em repúblicas estudantis que pareciam "comunas vikings", onde todos liam o Livro Vermelho de Mao Tse-Tung. Eles faziam parte do movimento dos Panteras Brancas, que, apesar da política de revolução, também cultivavam uma postura sexista, de submissão das mulheres.
Outros artistas que também contribuíram para a formação da identidade punk foram Patti Smith e os New York Dolls.
Inicialmente envolvida apenas com a poesia, Patti Smith foi uma das primeiras a circular por Nova Iorque com roupas e cortes de cabelo diferentes. Uma grande admiradora de Rimbaud, ela também poderia ser uma das precursoras da ideologia punk do it yourself (faça você mesmo), já que, em muitos casos, improvisava seus versos durante as apresentações de poesia.
O New York Dolls adaptou o exagero do visual e da androginia glitter até mesmo na sua denominação - dolls=bonecas, enquanto sua música minimalista ganhava cada vez mais admiradores. Eles passaram a fazer shows na Inglaterra, onde imprimiram um som contrário ao progressivo que dominava o cenário do rock na época.
Em 1975, Legs McNeill junta-se a dois amigos que tinham o projeto de fundar uma revista, a qual ele chamou Punk. Nas palavras do próprio autor, “‘punk’ pareceu ser o fio que conectava tudo que a gente gostava – bebedeira, antipatia, esperteza sem pretensão, absurdo, diversão, ironia e coisas com um apelo mais sombrio”.(id. p.222)
Assim, aquele estilo musical que se definia no cenário norte-americano desde 1971, recebeu um nome. E a partir do ano do surgimento da Punk, a banda que sintetizaria o movimento também despontou no cenário norte-americano: os Ramones.

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